Sentido da vida e religião: Uma leitura indispensável
Sentido da vida e religião: Uma leitura indispensável
Religião é um elemento da cultura, recheada de símbolos, que ajuda o ser humano a lidar com os seus vazios, a transpor o determinismo biológico. Auxilia os indivíduos a enfrentarem a realidade, que passa a ter sentido por meio da religião. O autor cita que o simbólico é tão importante quanto a fome e o sexo, pois produz sentido, vontade de viver.
O ser humano, diferente de outros animais, não se sucumbe ao
determinismo biológico. Parafraseando o autor: Sabemos que o João de barro
constrói as suas casas, e não há registro de que tenha realizado alguma
modificação nelas ao longo dos anos; o tatu cava buracos, tudo em função do
determinismo biológico, mas, e o ser humano? Está aqui apenas para atender ao
determinismo biológico? Para nascer, crescer, reproduzir e morrer? Não, o ser
humano é capaz de ir além do orgânico. Após saciar o biológico, ainda estamos
buscando sentido, buscando tamponar vazios.
A vida humana pautada apenas em submeter-se ao biológico nos iguala aos
outros animais e tende a carecer de sentido, propiciando a loucura. Ao refutar
os ditames orgânicos, o homem transcende e cria a cultura. Toda criação cultural
é efetuada devido ao fato do ser humano ser desejante: só podemos desejar algo
que nos falta, mas nem sabemos direito o que está ausente e como solapar a
ausência, portanto, vivemos em uma eterna busca por minimizar o que nos falta
por meio dos símbolos. Sucumbir ao biológico não satisfaz o ser humano, e por
mais que o orgânico ainda opere, o indivíduo passa a encontrar na cultura um
objeto que possa pelo menos reduzir a ausência. Obviamente a satisfação não é
plena e a cultura busca cada vez mais produzir algo que possa suprir o ser
humano, trazer-lhe sentido existencial. Por mais que tenhamos saído do
teocentrismo para o antropocentrismo, o fenômeno religioso não deixou de
existir, pois sem dúvida alguma é um elemento poderoso, produtor de sentido.
Sem sentido, não há vida, (ainda que no significado mais filosófico do que é
viver): o ser humano que não encontra sentido em sua vida, está morto,
ainda que os seus órgãos estejam funcionando.
(Texto base: Os símbolos da ausência, de Rubem Alves).
Comentários
Postar um comentário